26 de abril de 2010

A Guerra Silenciosa

Fonte: Blog do Moreno


Somente aqueles que conhecem a história da exploração do petróleo, que teve início na segunda metade do século XIX, fazem ideia da batalha mortal que está sendo travada nos bastidores da política brasileira, acerca da descoberta do ouro negro, abaixo da camada de sal. A briga que temos vista na imprensa é mera encenação.
Boa parte das revoltas, guerras, batalhas, revoluções que ocorreram no mundo desde a abertura do primeiro poço de petróleo na Pensilvânia, em 1859, tiveram como causa a luta por esse óleo precioso, que fez a diferença do sucesso ou insucesso entre as nações.
Era o mundo de John Davison Rockfeller - o homem que leu um único livro, a Bíblia - que foi escolhido por Deus, segundo ele, para ganhar dinheiro. Durante mais de 30 anos Rockfeller, com a empresa Standard Oil (Esso), dominou o mundo do petróleo sozinho. Usou de todos os subterfúgios, contou todas as mentiras, cometeu todos os crimes, fez todos os males para tornar-se o rei do petróleo e o homem mais rico de todos os tempos.
O monopólio de Rockfeller durou até o começo do século XX, quando surgiu Henri Deterding, o Napoleão do Petróleo, com a sua Royal Dutch, ou simplesmente Shell, enfrentando o império de Rockfeller mundo afora. A escaramuça dura até hoje. Mas as batalhas mais sangrentas ocorreram na primeira metade do século XX. A quantidade de governos que esses homens derrubaram e criaram: reis, sultões, califas, presidentes, ditadores, chefes tribais, primeiros-ministros chegam a centenas. Tudo pela posse de terrenos petrolíferos, no mar, no gelo, nos pântanos e na selva, do Paraguai, da Romênia, da Pérsia, por todos os lugares, superfícies e países. As grandes batalhas entre capitalismo e comunismo tiveram como razão a luta pelo petróleo.
O planeta ficou coberto de torres, o óleo negro mudou a história do mundo e o pôs sobre rodas, realizando uma revolução sem precedentes. Rockfeller tornou-se lendário por sua perversidade nos negócios. A quantidade de suicídios e assassinatos de acionistas e concorrentes provocado por suas decisões é enorme.
Dois homens dobraram a espinha de Rockfeller: Deterding, da Shell e o presidente Theodore Roosevelt, o homem que criou o império americano. Amaldiçoado pelo mundo, Rockfeller foi carimbado de barão ladrão. Arrependido e cada vez mais rico, resolveu doar quase toda a sua fortuna. Doou, doou, doou até cansar.
O Brasil foi um dos espoliados nessa luta, só vindo participar do jogo a partir de 1953 com a criação da Petrobras, o sonho de Monteiro Lobato. E quase um século depois dos americanos, russos e europeus. O que não impediu que fôssemos atingidos pelo “choque do petróleo” nos anos 70, a quase falência do ocidente provocada pelos sheiks árabes.
No país do Repórter Esso (o Jornal Nacional do passado) e do Prêmio Esso de Jornalismo, não foi estranho ver Lula apressado, Sérgio Cabral chorando, Ibsen Pinheiro blefando, o Rio marchando e o congresso pegando fogo. Essa é a segunda guerra do petróleo no Brasil.
Lembrei-me de que a candidata Dilma Roussef é a toda poderosa de nossas minas e energia e Eike Batista, com suas minas, é um dos homens mais ricos do mundo. Portanto, a forma de adquirir poder não mudou. Quem controla o ouro negro tem o poder.
Hamlet tem razão: “a ambição é a sombra de um sonho”, e o petróleo é essa sombra.
Theófilo Silva é autor do livro A paixão Segundo Shakespeare e articulista da Rádio do Moreno.

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