10 de setembro de 2012

O Facebook como espelho


Existe um porre muito antes do álcool. É a bebedeira egoísta e narcisista de ignorar os outros.
Arnaldo Jabor




Apaixonados pela própria imagem como Narciso, usuários confundem seus perfis nas redes sociais com a realidade


Ainda me lembro da época em que o público de um espetáculo musical estava lá para ouvir música, talvez para cantar e dançar, certamente não para fotografar e ser fotografado. Silenciosamente algo mudou. A popularização das câmaras e das redes de compartilhamento parece ter despertado até nos mais tímidos uma compulsão por mostrar tudo o que é vivido, mesmo que seja um acontecimento banal.

"Se não fotografou e não publicou, então não existe." O exibicionismo é expresso em páginas, video-casts, perfis e linhas do tempo que parecem relatórios clínicos de narcisistas compulsivos, em suas várias formas: fotografias com caras e bocas, opiniões rasas a respeito de praticamente tudo, vídeos em que nada de interessante acontece e a triste alegria coletiva com o grotesco e a humilhação.

A exposição é razoavelmente recente. Uma das primeiras autobiografias dedicadas ao registro do cotidiano é "Confissões", de Rousseau. Arrojado e provocador para o século 18, o iluminista francês ficaria chocado com o tamanho da exibição de hoje. Desde os anos 1980, quando yuppies, computadores pessoais e o culto ao corpo abriram canais para a expressão individual, o particular é cada vez mais público e amplificado.

Celulares e redes de compartilhamento transformaram os 15 minutos de fama em uma espécie de "Show de Truman" universal, em que registros banais e confissões diversas tornaram todos um pouco inseguros, verificando a composição de sua figura no espelho do Facebook e corrigindo seu discurso e conduta de acordo com as menções e aprovações recebidas.

Nem o Narciso mitológico seria tão autocentrado. Aquele que morreu afogado ao se apaixonar por sua figura refletida em um espelho d'água poderia argumentar que não sabia que via um reflexo. Como muitos usuários de redes sociais, ele se apaixonou por uma tela e sucumbiu ao confundi-la com a realidade.

Essa confusão entre o real e o fictício publicado é uma das faces mais assustadoras do narcisismo digital. Muitos têm uma visão de realidade tão distorcida pela percepção alheia, tão fragmentada e amplificada pelos perfis e grupos a que pertencem, que geram especulações maiores do que pode supor sua vã fenomenologia.

A vida na vitrine da interface, livre da moderação e da compostura que qualquer grupo social demanda, cria uma gigantesca câmara de eco, em que mensagens são referências de referências de referências, perdendo significado e substância no processo.

O sucesso de uma trilogia pornô, derivada de uma fantasia de fã da série "Crepúsculo", que por sua vez é derivada das clássicas histórias de vampiros, é o exemplo mais recente. Impulsionado pela indicação do amigo do amigo do amigo nas redes sociais, "50 Tons de Cinza" se transformou no maior best-seller do país que um dia foi de Shakespeare e Charles Dickens.

Há uma certa melancolia na situação. Ambientes que permitem tanta exposição e manifestação de identidades múltiplas demandam coerência de pensamento para que seus atores não se tornem reféns das personagens que representam.

Sem contar que todo esse egocentrismo é muito, muito chato.


Autoria: Luli Radfahrer

5 de setembro de 2012

Aprenda a dizer...NÃO!


Saber dizer “não” com elegância é uma arte que pode e deve ser desenvolvida, pois falar “não” através de comportamentos constrangedores qualquer idiota sabe fazer.
Marisa de Abreu -    Psicóloga


Certa ocasião, pediram para Jesus de Nazaré operar um milagre, Ele disse que não o faria. Em outra oportunidade, requereram que ele entrasse em um litígio de partilha de bens de dois herdeiros, Ele declarou que não tinha competência jurídica para isso. Zombaram d'Ele na cruz, provocando-O para que mostrasse sua identidade como Filho do Altíssimo, despregando-se do patíbulo e mostrando seu poder, mas graças a Deus Ele não atendeu isso.
Jesus de Nazaré, o Cristo de Deus, nasceu e viveu entre nós para mostrar-nos como é o caráter do Todo-Poderoso bem como para revelar-nos como o ser humano deve ser. Deste modo, o Salvador ensinou que dizer "sim" para todos não é prova de autoafirmação, de boa educação, de expressão positiva de voluntariedade ou de demonstração de altruísmo. Jesus me ensina dizer "não" a boa parte das demandas a que sou solicitado.

Não saber "dizer não", adoece
Não saber dizer "não" promove má qualidade de vida, perda de tempo, de dinheiro e, consequentemente, estrago na saúde. Se alguns tivessem sabido dizer "não", teríamos menos menores abandonados nas ruas, menos gravidezes indesejadas, menos viciados em drogas lícitas ou ilícitas, menos violência, menos crimes...; a lista seria interminável.
Mesmo desagradando alguém, você pode contribuir com seu próprio bem estar pessoal e até com o proveito do destinatário da negativa. Aprenda a dizer "não", no momento correto e apropriadamente para certas pessoas e para certas situações e sua saúde irá ser preservada ou melhorará.
O primeiro passo para aprender a dizer "não" é identificar o porquê você deseja responder "sim", quando não deveria fazê-lo. Aprenda que normalmente quando atendemos a todos e a tudo é porque estamos sendo vítimas, dentre outras, de uma das fraquezas que exponho adiante.

Falta foco para existência
Dizemos "sins" censuráveis, quando não estamos sabendo definir corretamente as prioridades da vida, neste caso, falta-nos foco para existência. Também a falta de segurança leva-nos à recusa em dizer "não", quando queremos agradar as pessoas porque não sentimos firmeza no que somos ou no que fazemos. Quando isso ocorre, inevitavelmente, nossa relação com Deus, com nossa família e com nossa vida profissional ficarão doentes.
Comodismo

Outra razão para não saber dizer "não" é o comodismo. Às vezes, é mais fácil atender uma pessoa do que confrontá-la com os motivos de nossa negativa. Neste caso, com o passar do tempo, não somente nós ficaremos enfermos, mas aqueles a quem atendemos também adoecerão.

Alienação
Por alienação, muitos dizem "sim" para tudo. Pela falta de conhecimento de causa ou por irresponsabilidade para tomada de decisões, preferem concordar com todos que os confrontam, preferindo a tranquilidade doentia de serem marias-vão-com-as-outras.

"Puxa-saquismo"

Outros dizem "sins" por puxa-saquismo, aquela atitude vil e vergonhosa de querer se dar bem, elogiando, atendendo ou agradando alguém para se tirar algum proveito da "vítima". Neste caso, aparentemente ambos lucram com o bem estar imediatista próprio, mas, na verdade, estão nutrindo vírus e bactérias para graves moléstias futuras.
Portanto, estabeleça com a ajuda de Deus qual a missão da sua vida, assim, você distinguirá o urgente do prioritário e saberá dizer "não". Tenha coragem de ser sincero dizendo "não", quando esta deve ser a resposta correta diante das demandas da vida. Não se trata de ser egoísta ou de ser sempre do contra, trata-se de lutar pela saúde pessoal e de ser um agente promotor da saúde do próximo.

Fonte: Nelson Britto - http://www.institutojetro.com