1 de junho de 2011

Leve dois e pague um


– Onde está Jamie? – gritou minha prima Lee Ann.
"Meu Deus, onde está Jamie?", pensei, na beira da piscina da casa de meus pais. A pergunta sobre o desaparecimento momentâneo de meu filho de cinco anos produziu ondas de choque em todo o meu corpo.
A piscina era cercada por uma faixa de segurança e o fundo descia em rampas suaves até uma profundidade máxima de apenas um metro e vinte. As crianças estavam acostumadas a passar a tarde na piscina da avó enquanto ficávamos tomando conta delas, encharcados de água e de entusiasmo infantil.
Na inesquecível tarde do grito de Lee Ann, Jamie estava andando perto da faixa de segurança e escorregou, caindo na parte mais funda. Foi só tirarmos os olhos de cima dele por uma fração de segundo, e pronto! Também numa fração de segundo avistei Jamie e mergulhei.
Quando o puxei para cima, ele veio esperneando, chorando de medo e gritando que queria sair da água. Minha culpa queria atender ao seu desejo e tirá-lo da água, mas meu instinto paterno me disse para ficar na piscina com ele. Nós dois estávamos tremendo, mas continuei falando com ele, dizendo que devemos respeitar a água, que às vezes pode assustar. Eu o abraçava firmemente, andando dentro da piscina. Uns dois minutos depois, o susto tinha passado e ele começou a brincar novamente.
Senti-me culpado e triste por ser mau pai. "Um bom pai não deixa o filho quase se afogar", dizia para mim mesmo. No auge do meu festival de autopiedade, Lee Ann chegou perto de mim, dizendo:
– Você é um pai incrível! Admiro seu jeito para manejar a situação. Ele nunca mais vai ter medo de água!
Lee Ann nos salvou aquele dia. Salvou a vida do meu filho gritando "Onde está Jamie?" e salvou minha vida como pai! Seu comentário elogioso me levou da piedade ao orgulho. É impresssionante o que pode acontecer quando a gente se olha através dos olhos de outro.
Barry Spilchuk
Você não está só – Histórias de amor e coragem

Nenhum comentário: