20 de fevereiro de 2011

Redescobrindo a Dança Apache, com Charlie Chan


No meu tempo de criança, era muito comum ver dança apache na televisão. Para quem não está ligando o nome à pessoa, dança apache é aquela em que a mulher, com jeito de prostituta francesa, sofre agressões nas mãos de seu partner, com jeito de gigolô francês. Não me pergunte por que a dança apache era tão popular. Mas era. Entre o número de uma cantora vestida de baiana interpretando "Aquarela do Brasil" e de outra, cheia de carnes, provando seu potencial pulmonar nos trinados de "Granada", volta e meia aparecia um casal demonstrando o sofrimento físico de uma dança apache. Imagino que a coreografia tenha perdido popularidade com o avanço do feminismo. Afinal, a dança apache nada mais é do que a demonstração, em forma de dança, da máxima de Nelson Rodrigues de que "mulher gosta de apanhar".

Na mesma época, tinha um seriado de televisão também muito popular, "As aventuras de Charlie Chan". Para quem não está ligando o nome à pessoa, Charlie Chan é um detetive chinês, adepto da não violência, que contava com a ajuda dos filhos em suas investigações. Era o filho número 1, o filho número 2, o filho... Meu pai era fã de Chalie Chan. E o seriado, um hit lá em casa.

Não sei qual o critério usado pelo YouTube para recomendar vídeos na sua página de abertura. Sempre me surpreendo com as recomendações. Ontem mesmo, a lista incluía "A última cena de Bonequinha de Luxo", "Vanusa erra o Hino Nacional", "Elaine Stritch cantando Send in the Clowns", "Os Trapalhões — Didi Vende Ovos" e ... "Dança Apache — Charlie Chan — 1935" 

Foi irresistível. Um só vídeo do YouTube juntando duas das minhas lembranças de infância: dança apache e Charlie Chan. Não sou muito de seguir as recomendações do YouTube, mas tenho certeza de que, nesse caso específico, eles acharam o vídeo só para mim. A dança  apache é a mais engraçada e mais violenta que já vi. É do filme "Charlie Chan em Paris", de 1935, e a pobre dançarina, interpretada por Dorothy Appleby, depois de sofrer nas mãos do seu parceiro, ainda vai morrer vítima de uma facada, como indica o último plano. Um filme para se redescobrir.

Fonte: Blog do Xexéo

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