20 de fevereiro de 2011

Mão na Roda

Recebo e-mail do blogueiro Márcio David de Lages, Santa Catarina, e é com alegria e orgulho que reproduzo. Os caras têm um projeto sensacional de um veículo especial para cadeirantes, daquelas coisas que alguém precisa abraçar para que não fique apenas na ideia e nas boas intenções. Espero que os empresários que leem este blog, e o pessoal do automobilismo que gasta os tubos com patrocínios meio sem cabimento, encontrem uma forma de ajudar. Montadoras também, por que não? Que tal destinar 0,01% do valor de cada carro vendido para um projeto desses? É só querer. Ah, se eu fosse presidente do mundo… Resolveria metade dos problemas do planeta num dia, só na base da canetada. A outra metade estaria resolvida no dia seguinte.
Acompanho seu blog e o Grande Prêmio há muito tempo, fazem parte das minhas leituras diárias. Entretanto, o motivo deste e-mail é divulgar um projeto no qual eu e mais três amigos estamos trabalhando. Sou cadeirante desde os dois anos de idade, hoje com 38, funcionário público na Universidade do Estado de Santa Catarina. Há cerca de sete anos, num encontro informal, começamos a debater sobre as dificuldade enfrentadas pelos deficientes quando se fala em transportes. Comprar um carro adaptado com as isenções de impostos de lei é uma tarefa das mais desgastante no Brasil. Um colega seguiu todo o processo e levou “apenas” um ano e dois meses para conseguir comprar um Meriva Easytronic, sem adaptações — isso, é claro, tem de ser à parte. Mas o objetivo não é criticar o sistema, e sim mostrar uma ideia nova, que surgiu da necessidade de locomoção minha e dos demais cadeirantes.
Uma das coisas mais complicadas para quem, como eu, depende de um carro para ir vir ao trabalho todo dia é a “transferência” da cadeira para o carro e vice-versa. Partindo desse princípio, idealizamos um veículo no qual o cadeirante pode entrar sem sair da cadeira e conduzir sozinho até o local de destino, com total autonomia e sem depender de ninguém.
Esse carro foi totalmente construído do zero, não adaptado em cima de um já existente. Nossa ideia foi conceber um veículo dotado de elevador para evitar o acesso por uma rampa, muitas vezes difícil para o cadeirante. Investimos um determinado valor para as montagens inicias, e em 2009 nos inscrevemos em um programa do Estado de Santa Catarina chamado Sinapse da Inovação. Entre os mais de 1.700 projetos inscritos, o nosso ficou entre os 60 que receberam um aporte financeiro de 50 mil reais, os quais foram utilizados para construir o protótipo que denominamos de PRATYKO. Agora, com o protótipo pronto, estamos tentando o próximo passo, que seria a produção em série.
Seu blog fala essencialmente sobre carros dos mais variados tipos, mas acredito que nunca tenha abordado um carro concebido e construído especificamente para cadeirantes e PNEs (portadores de necessidades especiais). Os detalhes do projeto estão disponíveis no nosso site.
Nosso objetivo é levar esse carro ao maior número possível de pessoas, pois acreditamos que ele beneficiará muita gente que não sai de casa por falta de um meio de locomoção, ou mesmo pelas dificuldades de adquirir um carro automático e adaptado. Pretendemos comercializar esse veículo com preço bem baixo, vamos lutar para conseguir isenções, deduções e subsídios para tornar o veículo acessível.
Sabemos que o caminho do protótipo até o mercado ainda é longo, há muito a ser feito, mas como temos um foco específico e um público que não tem muitas opções, isso nos faz crer que poderemos obter sucesso nessa empreitada. Estamos abertos a formar parcerias com quem deseje investir e apostar em nosso projeto.
Esperamos contar com seu apoio para divulgar esse projeto 100% nacional. Um abraço da equipe do Projeto Mão na Roda.
O apoio está dado, Márcio, sei que não é muito, mas espero, do fundo do coração, que as almas que tomarem conhecimento do Pratyko no meu blog, e que tenham condições de participar de alguma forma, o façam. Mantenham contato. E vocês, blogueiros cheios de contatos, mãos à obra!
Fonte: Blog do Gomes

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