Não é possível chorar e pensar ao mesmo tempo, pois cada pensamento absorve uma lágrima.
Jules Renard
Passava do meio dia, o cheiro de pão quente invadia aquela rua, um sol
escaldante convidava a todos para um refresco. Ricardinho não agüentou o
cheiro bom do pão e falou:
- Pai, to com fome!
- Pai, to com fome!
O pai, “seu Agenor”, sem ter um tostão no bolso, caminhando desde
muito cedo em busca de um trabalho, olha com os olhos marejados para o
filho e pede mais um pouco de paciência…
-Mas pai, desde ontem não comemos nada, eu to com muita fome pai!
-Mas pai, desde ontem não comemos nada, eu to com muita fome pai!
Envergonhado, triste e humilhado em seu coração de pai, Seu Agenor
pede para o filho aguardar na calçada enquanto entra na Padaria a sua
frente. Ao entrar dirige-se a um senhor no balcão:
- Meu Senhor, estou com meu filho de apenas 6 anos ai na porta com muita fome, não tenho nenhum tostão pois sai cedo para buscar um emprego e nada encontrei. Eu lhe peço que em nome de Jesus me forneça um pão para que eu possa matar a fome desse menino, em troca posso varrer o chão de seu estabelecimento, lavar os pratos e copos, ou outro serviço que o Senhor precisar.
- Meu Senhor, estou com meu filho de apenas 6 anos ai na porta com muita fome, não tenho nenhum tostão pois sai cedo para buscar um emprego e nada encontrei. Eu lhe peço que em nome de Jesus me forneça um pão para que eu possa matar a fome desse menino, em troca posso varrer o chão de seu estabelecimento, lavar os pratos e copos, ou outro serviço que o Senhor precisar.
Amaro, o dono da Padaria estranha aquele homem de semblante calmo e
sofrido, pedir comida em troca de trabalho e pede para que ele chame o
filho. Seu Agenor, pega o filho pela mão e apresenta-o ao Senhor Amaro,
que imediatamente pede que os dois sentem-se junto ao balcão, onde manda
servir dois pratos de comida do famoso P.F (Prato Feito), arroz,
feijão, bife e ovo. Para Ricardinho era um sonho, comer após tantas
horas na rua, para o Seu Agenor, uma dor a mais, já que comer aquela
comida maravilhosa fazia-o lembrar-se da esposa e mais dois filhos que
ficaram em casa apenas com um punhado de fubá, grossas lágrimas desciam
dos seus olhos já na primeira garfada. A satisfação de ver seu filho
devorando aquele prato simples como se fosse um manjar dos deuses, e a
lembrança de sua pequena família em casa, foi demais para seu coração
tão cansado de mais de 2 anos de desemprego, humilhações e necessidades.
Amaro se aproxima do Seu Agenor e percebendo a sua emoção, brinca para
relaxar:
- O Maria, sua comida deve ta muito ruim, olha o meu amigo ta até chorando de tristeza desse bife, será que é sola de sapato…?
Imediatamente, Seu Agenor, sorri, e diz que nunca comeu comida tão apetitosa, e que agradecia a Deus por ter esse prazer.
Amaro pede então que ele sossegue seu coração, que almoçasse em paz e depois conversariam sobre trabalho.
Mais confiante Seu Agenor, enxuga as lágrimas e começa a almoçar, já
que sua fome já estava nas costas. Após o almoço, Amaro convida o Seu
Agenor para uma conversa nos fundos da Padaria, onde havia um pequeno
escritório. Seu Agenor conta então que há mais de 2 anos havia perdido o
emprego e desde então, sem uma especialidade profissional, sem estudos,
ele estava vivendo de pequenos “biscates aqui e acolá”, mas que há 2
meses não recebia nada.
Amaro, resolve então contratar o Seu Agenor para serviços gerais na
Padaria, e penalizado, faz para o homem uma cesta básica com alimentos
para pelo menos 15 dias. Seu Agenor com lágrimas nos olhos agradece a
confiança daquele homem e marca para o dia seguinte seu início no
trabalho.
Ao chegar em casa com toda aquela “fartura”, seu Agenor é um novo
homem, sentia esperanças, sentia que sua vida iria tomar novo impulso,
Deus estava lhe abrindo mais do que uma porta, era toda uma esperança de
dias melhores.
No dia seguinte as 5 da manhã, Seu Agenor, estava na porta da Padaria
ansioso para iniciar seu novo trabalho. O Senhor Amaro, chega logo em
seguida e sorri para aquele homem que nem ele sabia porque estava
ajudando. Tinham a mesma idade, 32 anos, e histórias diferentes, mas
algo dentro dele chamava-o para ajudar aquela pessoa. E, ele não se
enganou, durante um ano, Seu Agenor foi o mais dedicado trabalhador
daquele estabelecimento, sempre honesto e extremamente zeloso com seus
deveres.
Um dia, Amaro chama o Seu Agenor para uma conversa e fala da escola
que abriu vagas para a alfabetização de adultos um quarteirão acima da
Padaria, e que ele fazia questão que Seu Agenor fosse estudar. Seu
Agenor até hoje não consegue esquecer seu primeiro dia de aula, a mão
trêmula nas primeiras letras e a emoção da primeira carta…
Doze anos se passaram desde aquele primeiro dia de aula, vamos
encontrar o Dr. Agenor Baptista de Medeiros, hoje advogado, abrindo seu
escritório para seu cliente, e depois outro, e depois mais outro. Ao
meio dia ele desce para um café na Padaria do amigo Amaro, que fica
impressionado em ver o “antigo funcionário” tão elegante em seu primeiro
terno.
Mais dez anos se passam e agora o Dr. Agenor Baptista, já com uma
clientela que mistura os mais necessitados que não podem pagar, e os
mais abastados que o pagam muito bem, resolve criar uma Instituição que
oferece aos desvalidos da sorte, que andam pelas ruas, pessoas
desempregadas e carentes de todos os tipos, um prato de comida
diariamente na hora do almoço. Mais de 200 refeições são servidas
diariamente naquele lugar que é administrado pelo seu filho, o agora
nutricionista Ricardo Baptista.
Tudo mudou, tudo passou, mas a amizade daqueles dois homens, Amaro e
Agenor impressionava a todos que conheciam um pouco da história de cada
um, conta até que aos 82 anos os dois faleceram no mesmo dia, quase que a
mesma hora, morrendo placidamente com um sorriso de dever cumprido.
Conta-se no céu, que o próprio Mestre Jesus veio recebê-los com um sorriso e um coro de mil anjos entoando uma música que falava da vitória dos que sabem persistir.
Conta-se no céu, que o próprio Mestre Jesus veio recebê-los com um sorriso e um coro de mil anjos entoando uma música que falava da vitória dos que sabem persistir.
Ricardinho, o filho mandou gravar na frente da “Casa do Caminho” que seu pai fundou com tanto carinho:
“Um dia eu tive fome, e você me alimentou.
Um dia eu estava sem esperanças e você me deu um caminho.
Um dia acordei sozinho, e você me deu Deus, e isso não tem preço.
Que Deus habite em seu coração, alimente sua alma e te sobre o pão da misericórdia para estender a quem precisar”
“Um dia eu tive fome, e você me alimentou.
Um dia eu estava sem esperanças e você me deu um caminho.
Um dia acordei sozinho, e você me deu Deus, e isso não tem preço.
Que Deus habite em seu coração, alimente sua alma e te sobre o pão da misericórdia para estender a quem precisar”
P.S. Esta é uma estória que os anjos me contaram, qualquer semelhança
com a realidade, pessoas ou fatos, será mera coincidência (?)
Paulo Roberto Gaefke
5 comentários:
Carlos...!
As pessoas choram as dores que a vida dá...
Temos que nos resignar a elas pois elas mostram muitas vezes os erros que cometemos...
E qdo são de felicidade que as lágrimas saiam em dobro...
Beijo
o choro e mto bom,valew amigo seu blog sempre de parabens!!!!
amigo valew seu blog ,continua de PARABENS!!!est VIVA!!!
Olá!!! Eu adorei o blog!E fiquei mais feliz ainda por saber que você e da minha cidade NOVA FRIBURGO, hoje moro em Blumenau SC, mas sempre que posso vou visitar essa cidade maravilhosa, parabéns pelo Blog, belissimas palavras!!!
Olá!!! Adorei o blog e fiquei mais feliz ainda por saber que você e da minha cidade linda NOVA FRIBURGO!!
Estou morando em Blumenau agora, mas sempre que possível vou visitar essa cidade maravilhosa!! Parabens pelo maravilhoso blog, palavras de incentivo e coragem!!
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